- Área: 27 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Tali Kimelman, Leonardo Finotti
Descrição enviada pela equipe de projeto. Sacromonte é paisagem. É um campo de forças relacionais, de antigas intensidades e novos impulsos que coexistem em uma nova entidade sem precedentes. Assim, a natureza, a produção, as infraestruturas, os edifícios e a energia constituem um campo de estímulos para descobrir, um campo de experiências. Em um cenário tão particular, a Capela do Sacromonte encontra seu lugar entre vinhas, lagoas, morros e refúgios. Concebida como um amplificador de paisagem, ela se funde com o ambiente, elevando a experiência sensorial da natureza a um novo nível. Localizada em um dos pontos mais altos do Sacromonte, pode ser visto de longe.
Como devem ser os espaços sagrados do século XXI? A capela reflete sobre as muitas interpretações possíveis desta e de outras questões através de sua relação ambígua com matéria, espaço e tempo. Uma tensão calma reina quando se entra em contato com ela. Uma tensão entre peso e leveza, entre presença e desaparecimento, entre tecnologia e natureza. Enigmática e desconcertante, deixa seus visitantes com mais perguntas do que respostas.
A capela começou em uma fábrica em Portugal. Uma vez pré-fabricada em tecnologia CLT e aço, foi transportada diretamente para a paisagem do Sacromonte para ser montada em um único dia. Simples e austera, seu design assume o desafio de transmitir uma mensagem poderosa usando a menor quantidade possível de recursos.
Dois planos de madeira de 9x6 metros repousam sutilmente um de lado do outro, mas sem se tocar. A partir deste gesto simples e único, nasce um novo recinto. Nem fechado nem completamente aberto, é um espaço em si e faz parte de seu ambiente ao mesmo tempo. Dentro dos planos tentam proteger e consagrar uma pequena porção da paisagem, mas negam seu confinamento com respeito. Assim, os conceitos de interior e exterior são diluídos em uma experiência espacial difusa e ambígua.
Quase por magia, uma caixa preta e metálica flutua e desequilibra a simetria em um ato transcendental. A luz entra na face posterior por uma folha de ônix translúcido. No interior, a Virgem de La Carrodilla encontra proteção e refúgio. A capela coexiste harmoniosamente com a natureza, deixando entrar ventos e tempestades. De certo modo, evoca a mais primitiva das arquiteturas: aquela que une a Humanidade, a paisagem e a matéria com o eterno.